Olá a todas!
Estou a precisar de desabafar. Recorro ao fórum porque eu e o meu marido não partilhámos com ninguém que estamos em processo de tentativas e, por isso, não queria ter de explicar à família (já passei por isso uma vez e arrependo-me, mas já lá vou).
Tenho 35 anos e fui mãe pela primeira vez pouco antes de fazer os 32. Na altura, antes de engravidar da minha filha, passei por uma gravidez química e foi, sem dúvida, uma das fases mais tristes da nossa vida. Ocorreu em pleno COVID e, como nos fomos muito abaixo, sentimos necessidade de "colo" dos nossos pais. Só que a partir daí, ainda que ninguém tenha feito perguntas, nem mandado palpites, nem tocado no assunto.... o saber que os outros sabiam que estávamos a tentar colocou bastante pressão psicológica em mim. Entretanto, três meses depois consegui engravidar e tudo correu às mil maravilhas.
Passados estes anos, decidimos agora tentar o segundo filho. Larguei a pílula em maio, mas desde então que a menstruação ainda não está regularizada a 100% (faço ciclos de 21, 24, 25, 28 dias). Este mês, pelas contas, a menstruação deveria ter vindo no dia 23 de setembro, sendo que uns dias antes disso eu andava a sentir-me muito, muito cansada, com momentos de náuseas ao longo do dia e sem nenhum dos meus sintomas habituais de TPM (nomeadamente, enxaqueca). Contudo, como tínhamos passado pela gravidez química em 2020, decidi que só iria fazer o teste no fim da semana.
Acontece que no dia 25 acordei sem qualquer tipo de cansaço ou náuseas... simplesmente tinham desaparecido. Fui à casa de banho e percebi que estava a menstruar, sendo que tem sido um fluxo maior que o habitual. Pressinto que tive, novamente, uma gravidez química. Não tive confirmação a 100% porque nunca cheguei a fazer o teste e, no fundo, continuo a achar que tomei a decisão certa. Prefiro não ter totalmente a certeza do que confirmar que, de facto, voltei a perder um. Ainda assim, o meu instinto cravou esta ideia na minha cabeça e estou a ir mais abaixo do que esperava. Está-me a custar lidar com essa possibilidade.
Já li bastante sobre a gravidez química para perceber que não é culpa de ninguém. No entanto, não consigo evitar perguntar-me porque é que isto continua a acontecer? Sinto-me triste, mas ao mesmo tempo pronta para voltar a tentar. Ao mesmo tempo, tenho receio de passar pelo mesmo: voltar a engravidar e a "sofrer" durante uma ou duas semanas, temendo que os sintomas parem de repente e a menstruação apareça.
Sempre quis ter mais do que um filho, até porque sou filha única e sei a falta que um irmão/irmã me faz - ainda que nunca tenha sabido o que é ter um. O meu marido também quer mais do que um filho, mas desde que fomos pais que ele abraçou melhor e com mais naturalidade a ideia de ficarmos só com uma, caso a vida/destino não nos permita ter mais. Eu amo a minha família e amo, em especial, a minha filha que é a coisa mais preciosa e mais desejada que tenho. Mas tem-me passado tudo pela cabeça estes dias (talvez por estar sensível com as hormonas da menstruação): e se, inconscientemente, lhes fizer sentir que não são suficientes? E se, caso não consiga engravidar, nunca me sentir completa? E se voltar a ter uma perda, seja em que fase da gravidez for?
Sei que tudo isto é precoce, já que ainda nem sequer estamos a tentar há 6 meses. E peço desculpa se esta publicação for ao encontro de mulheres e casais que travam uma batalha muito mais difícil e prolongada do que esta. Não é a minha intenção, de todo, ofender ninguém. Só precisava de partilhar o que estou a sentir neste momento.
Obrigada.